Grillo diz que reeleição de Napolitano foi "golpe matreiro"

O ex-humorista Beppe Grillo afirmou hoje que a reeleição do Presidente italiano, Giorgio Napolitano, foi um "pequeno golpe matreiro" dos partidos tradicionais, suavizando a posição assumida no sábado, quando disse tratar-se de um "golpe de Estado".
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Grillo, que não dá entrevistas à imprensa italiana, organizou hoje, pela primeira vez desde a criação do seu movimento contestatário, o Movimento 5 Estrelas (M5E), uma conferência de imprensa sobre a reeleição de Napolitano.

"Encontraram-se os quatro durante a noite", disse Grillo, referindo-se ao encontro entre Napolitano e os três líderes partidários Pier Luigi Bersani, Silvio Berlusconi e Mario Monti, e "depois fizeram um pequeno golpe institucional matreiro".

Grillo afirmou que o que aconteceu sábado no parlamento "foi uma troca de favores" que faz com que se "roube outro ano ao país" e assegurou que o Governo que vai ser formado em breve "não vai durar mais do que um ano, talvez oito meses" e que "a política através dos partidos" vai ter um fim.

Nas seis votações realizadas para a eleição presidencial, o M5E apoiou Stefano Rodotá.

"Contudo, elegeram um Presidente que garante o controlo do poder judicial para salvar a pele a Berlusconi e ao Partido Democrático (de Bersani), pelo seu envolvimento na crise".

Depois da eleição do Presidente, simpatizantes do M5E manifestaram-se junto ao parlamento até de madrugada, gritando palavras de ordem como "Napolitano não é o meu Presidente".

Grillo assegurou hoje que o seu movimento "está a acalmar os ânimos no país".

"As pessoas querem marchar para Roma com espingardas. Deviam agradecer-nos, somos nós que mantemos a calma. Em França ou na Grécia surgem partidos nazis, mas aqui estamos melhor, temos os 'grillini'".

Giorgio Napolitano, 87 anos, aceitou no sábado o pedido do Partido Democrata, do Partido do Povo e da Liberdade e da Eleição Cívica para aceitar ser reeleito, depois de cinco votações parlamentares não terem permitido eleger um sucessor.

A Itália vive um impasse político desde as eleições legislativas de 24 e 25 de fevereiro, em que o centro-esquerda de Bersani, a direita de Berlusconi e os contestários de Grillo obtiveram votações muito próximas.

O Partido Democrático de Bersani foi o mais votado, mas não conseguiu a maioria absoluta nas duas câmaras parlamentares indispensável à aprovação do novo Governo. Encarregado por Napolitano de formar Governo, Bersani não conseguiu o apoio do M5E e recusou um acordo com Berlusconi, cuja coligação de direita foi a segunda força mais votada.

Depois de empossado, Napolitano deverá convocar uma nova ronda de consultas para a formação de um Governo e, se ela fracassar, terá de dissolver o parlamento e convocar eleições, que não se poderão realizar antes do final de junho.

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